Entre cutucadas e alianças: o novo campo de batalha de Fux e Gilmar no STF

O ministro Luiz Fux pediu transferência da Primeira para a Segunda Turma do STF, movimento que pode alterar o equilíbrio político dentro da Corte. A mudança o afasta dos julgamentos da trama golpista, mas o aproxima de André Mendonça e Kassio Nunes Marques, criando um possível “mini-STF” mais favorável ao bolsonarismo. A nova composição promete tensão, especialmente após o recente embate entre Fux e Gilmar Mendes.

Entre cutucadas e alianças: o novo campo de batalha de Fux e Gilmar no STF

O Supremo Tribunal Federal parece mais uma vez protagonizar um daqueles capítulos que misturam tensão, vaidade e estratégia — ingredientes que fariam inveja a qualquer série de bastidores de poder. O ministro Luiz Fux pediu para ser transferido da Primeira para a Segunda Turma do STF, e, como era de se esperar, o gesto não passou despercebido.

A mudança tem efeitos imediatos e outros, digamos, mais “cirúrgicos”. De cara, Fux ficaria de fora dos julgamentos dos próximos núcleos da trama golpista, um dos temas mais sensíveis e politicamente radioativos em tramitação na Corte. Coincidência? Talvez. Estratégia? Provavelmente.

Mas o verdadeiro impacto estaria na composição da Segunda Turma. Lá, Fux se juntaria a André Mendonça e Kassio Nunes Marques, dois ministros indicados por Jair Bolsonaro. Juntos, poderiam formar o que analistas já chamam de um “mini-STF” bolsonarista — uma ala mais simpática a certas demandas do ex-presidente e de seus aliados, capaz de alterar correlações de força internas.

E o roteiro fica ainda mais saboroso (ou ácido, dependendo do ponto de vista) quando lembramos que Fux passaria a dividir a bancada com Gilmar Mendes, com quem teve um bate-boca na semana passada. O motivo? Gilmar criticou o longo voto de Fux que absolveu Bolsonaro e também o pedido de vistas que paralisou uma ação contra Sergio Moro. O detalhe pitoresco: a vítima da calúnia nesse caso é o próprio Gilmar.

Hoje, durante o julgamento do núcleo de desinformação da trama golpista, Fux fez questão de dar uma cutucada sutil no decano, como quem diz: “ainda estamos no mesmo jogo”.

Se o pedido de transferência for aceito, a Segunda Turma promete ser um campo minado — ou, se preferir, uma arena. De um lado, Gilmar Mendes, mestre das ironias jurídicas e político experiente. Do outro, Luiz Fux, tentando equilibrar discurso técnico e decisões que soam, cada vez mais, como movimentos de xadrez.

No fim, a toga pode continuar sendo símbolo de justiça. Mas, no caso do STF, parece que as peças se movem com uma lógica própria — menos jurídica e mais política. E o “mini-STF” de Fux pode ser apenas o primeiro lance de uma partida que ainda vai dar muito pano pra manga.

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