PF apura possível simulação de entrada de ex-assessor de Bolsonaro nos EUA e aponta tentativa de descredibilizar provas

A Polícia Federal (PF) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (20) que os acusados de participar da chamada trama golpista podem ter simulado a entrada do ex-assessor internacional de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, nos Estados Unidos no final de 2022.

De acordo com o relatório obtido pela CNN Brasil, há indícios de que integrantes da organização criminosa tenham se aproveitado das prerrogativas diplomáticas de viagens oficiais para fabricar um registro falso de entrada no país, com o intuito de confundir as autoridades e deslegitimar as provas reunidas na investigação.

“O registro de entrada de FILIPE MARTINS PEREIRA nos Estados Unidos, ainda que em caráter indiciário, revela a possibilidade de que integrantes da organização criminosa, abusando dolosamente das prerrogativas diplomáticas, tenham se utilizado do procedimento migratório diferenciado relacionado a comitivas de chefes de Estado (...), com a finalidade de simular uma falsa entrada de FILIPE MARTINS em território norte-americano”, diz o documento.

A PF também destacou que tanto Martins quanto sua defesa têm se apoiado nesse suposto deslocamento para tentar descredibilizar as provas reunidas durante as investigações sobre o plano de ruptura institucional, conhecido como trama golpista.

Os investigadores ressaltam que a alegada simulação se assemelha às práticas das chamadas “milícias digitais”, grupos já alvo de outro inquérito conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, no Supremo.

O novo pedido de investigação busca esclarecer se houve uso indevido de procedimentos diplomáticos e falsificação de dados migratórios, o que, se confirmado, poderá configurar obstrução de justiça e falsidade ideológica.